

22 de dez. de 2024


2 de fev. de 2021


28 de jan. de 2021
Atualizado: 22 de dez. de 2024
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Uma das coisas que mais me perguntam é sobre a cozinha.
Para isso, vou fazer um breve relato deste cômodo e como ele evoluiu.
As relações dos cômodos se confundem muito, mas a cozinha tem algo que sempre foi considerado importante e que deveria ser mantido, o FOGO!
Sim, o fogo é algo tão importante que na antiga Grécia ele era mantido em templos sagrados onde apenas vestais poderiam entrar.
Mas voltando para a cozinha. Na evolução da casa, a cozinha tomou diferentes formas ao longo do tempo.
Vou falar especificamente da "cozinha moderna". (Final do Sec. XIX até os dias de hoje.
No Brasil, existiam duas propostas, a cozinha das oligarquias que era freqüentada quase que exclusivamente por empregados. Eram cozinha bem grandes até, mas que servia apenas para que os empregados preparassem as refeições a serem servidas.
Sua característica é que eram cômodos pouco usados pelos proprietários e bem afastado de um modo geral, ou até mesmo escondido.
Foto da fundação casa de Rui Barbosa
O outro tipo de cozinha que era comum era a cozinha da população de um modo geral, que é uma cozinha grande com a mesa de jantar para que todos da família pudessem estar juntos. Infelizmente não achei nenhuma planta que para representar, mas imagina uma casa do interior bem antiga com fogão a lenha que também era usado para aquecer. Imaginou? Lembrou do fogo?
Bom, já no século XX, com os crescimentos das cidades e as novas técnicas de construção, as cozinhas tomaram outras formas. As das Oligarquias se mantiveram grandes mas ainda sem comunicação com o restante da casa, ainda sendo a área dos empregados.
A cozinha da população em geral, que é o que conhecemos como classe média, diminuiu bastante e começou a ficar próxima da porta de entrada e da sala. Ainda com espaço para algumas pessoas pois ainda era hábito se reunir na cozinha.
Esse estado da classe média mudou bastante com o avanço da mesma. Começaram a ela mesma ter empregadas domésticas tanto com a necessidade, pois a emancipação feminina e toda a mudança social permitiu o aumento dos proventos da casa, entretanto, diminuiu-se o tempo que se tem para cuidar dela, quanto o sonho da classe média querer se tornar oligarquia.
Vamos agora dar um salto.
Bom, estou falando do nosso Brasil.
O que nos leva aos últimos anos.
Começou no início do século XXI (início dos anos 2000) algo que antes era impensado no Brasil, um país de oligarquias onde o trabalho pesado não era considerado digno.
As classes médias e ricas começaram a fazer faculdade de gastronomia para se tornarem, antes de mais nada, cozinheiros, para então se tornarem cheffs.
Eu, particularmente, vi isso começar a acontecer. No início era aquela coisa que acontecia com os músicos.
-Mas como você vai trabalhar?
-Como você vai se sustentar?
-E o dinheiro?
A geração de hoje nem imagina.
Só que este movimento levou a algo incrível. Começamos a por os filhos da classe média e das classes ricas nas cozinhas. Só que nada disso parou por ai. Isso levou à uma glamourização da profissão que fez com que todos quisessem se arriscar na cozinha.
O que aconteceu???
Veio o que, aqui no Brasil, chamamos de cozinha americana. Isso por duas necessidades, a das construtoras viabilizarem seus empreendimentos, e das pessoas mostrarem seus dotes culinários para os familiares e visitas.
-Olha, o Jr. tá estudando para se tornar cheff, olha esse risoto que ele tá fazendo para nós.
Sim, essas mudanças não acontecem a toa e de um dia para o outro.
São detalhes que a nossa cultura influencia no nosso comportamento, que influencia, e muito, nossa arquitetura.
Com isso, temos alguns detalhes na cozinha. Ela tem que ser funcional para as pessoas mostrarem como sabem cozinhar, e tem que ser bonita, pois antes um cômodo que ficava distante do restante da casa está aberta para todos verem.
Por isso amo arquitetura. Ela reflete como um povo vive e como eram todas as estruturas sociais daquele tempo.
Um abraço a todos e até a proxima.
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